.vá subindo. rodopiando a página de baixo pra cima. antes pode ler um pedaço de mim cá ao lado. depois da leitura rodopiante arrodeie pela direita. de cima pra baixo. leia. ouça. veja. e sinta.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Estive em Brasília vasculhando papéis e achei, bem dobradinho, umas letras de um grandessíssimo amigo dos tempos do colégio (ah! um tempo sem fim).
De Guilherme Neves Pinto, escritos fofos que merecem ser lembrados. :}

Com sua licença, visse?!
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Nayarae Artistopocuss Idealia é uma flor e isso é o máximo que se pode dizer dela sem chateá-la, afinal ela odeia rótulos, se ela ficar chateada já era, como nômade que é vai embora e só volta quando quiser.

A Naiara, nome usual da flor, é uma flor cuja definição de atípica nem de longe revelaria sua natural esquisitice, sua origem se dá da lenda da rosa revoltada, que aqui deve ser contada:

A LENDA DA ROSA REVOLTADA

Outra vez nasce outra rosa comum, em outro jardim ordinário, onde a água que as rega vem do reservatório central e não da chuva. Nós humanos não reparamos, mas entre flores também há contendas e destemperanças, certa feita no meio do canteiro uma rosa se revolta:
- Estou cansada dessa mesmice suicida, acordar uma vez por ano e ser domesticada, tratada como burguesa, antes fosse grama que vive de tudo um pouco, mas cá estou eu, não tenho nada, uma beleza ignóbil e essa falta de liberdade, tenho que achar uma solução...

Essa rosa, que além de rosa era cientista, foi, devagar mas sem cessar, determinando a solução de seu problema. O resultado disso foi a semente de uma flor que seria única e eterna, uma semente com inclinações artísticas e idéias divagantes, que pudesse crescer em qualquer lugar onde houvesse água, que se alimentasse da maneira que bem quisesse e que tivesse mobilidade para ir, vir ou ficar... daí saiu a semente de Nayarae, a Naiara.

A rosa já nem era mais rosa, era alegria, porém no dia que outras rosas descobriram que ela havia criado uma flor com tanta audácia a despedaçaram, impedindo a criação da segunda semente. Naiara foi jogada às águas do mar, as rosas malvadas acreditavam que assim morreria, pelo contrário, foi de lá que tirou forças para germinar.

Aqui a lenda confunde-se com a realidade e sabemos que Naiara saiu de dentro de uma ostra, do fundo do mar, lançou suas raízes sob a água e emergiu minutos antes de aparecerem seu caule e folhas. Sua flor abre-se só quando quer, na hora que quer, nutre-se de qualquer coisa, quando julga-se observada fecha-se toda, mas quando quer se exibir muda de cor na frente de quem estiver, ela mora por enquanto num planalto qualquer, mas vive no mundo, desde que por onde passe haja água, sua garantia de locomoção, de liberdade, de contato com a cachoeira, o mangue e o mar, há quem diga que já viu Naiara até dançando em terra firme, mas na maioria das vezes é na água, tirando o pólem de sua flor, assim como quem raspa a cabeça, que Naiara é conhecida.


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tá sem data, mas acho que foi em 2001. Entre o segundo grau e o Calangalado.
:: conserva-se a grafia do rapaz naquela época ;)



Brigadú, Gui!

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